Tradições

Canedo é uma freguesia rica em tradições, que são preservadas e divulgadas de diversas formas pelo seu dedicado povo. Assim, ainda hoje são conhecidos e aplicados provérbios que caracterizam o modo de ser e de estar das gentes de Canedo.

Provérbios

“Água de Agosto: açafrão, mel e gosto.”

“Quem tem bom vinho tem bons amigos.”

“Quem na sopa deita vinho de velho se faz menino.”

“Quem vai à adega e não bebe é ronda que perde.”

“Quem se deita sem ceia, toda a noite rabeia.”

“Com unto e pão de milho o caldo faz bom treilho.”

“Quem dá o pão dá a criação”.

“Lua nova trovejada ou vem seca ou vem mulhada.”

“O homem é fogo a mulher estopa: quando se juntam, vem o diabo e sopra.”

Não te metas em atalhos que te metes em trabalhos.

Fevereiro quente traz o diabo no ventre.

Entre Março e Abril ou o cuco vem ou o fim do mundo está para vir.

Em Abril águas mil.

Fraco é o Maio que não rompe uma croça.

Quando a carvalheira canta sabe bem a manta.

A uns abortam-lhe as vacas e outros fazem-lhe os bois.

Vale mais quem ajuda do que quem cedo madruga.

Geada na lama chama chuva na cama.

Santos da porta não fazem milagres.

Quero sol na eira e chuva no nabal.

Quando a raposa anda aos grilos vai mal para a mãe e pior para os filhos.

Onde há fumo há fogo.

Não compres cão a caçador nem serrote a carpinteiro.

Gaivotas em terra, tempestade no mar.

Quem não trabuca não manduca.

Pelo S. João a sardinha pinga no pão.

Lavrador com fama não espera o sol na cama.

Quando a rola cantar pega na cesta e vai semear.

Pagas aos empregados sem ver, vendes o que tens para os manter.

Quem muito fala pouco acerta.

Muitas pausas fazem os dias pequenos.

Para um mau trabalhador não há ferramenta que preste.

Quando há fome não há pão mal feito.

Casa onde não há pão, todos ralham e ninguém tem razão.

Quem não tem cão caça com gato.

Cão que ladra não morde.

Onde há pão há migalhas.

Guarda que comer, não guardes que fazer.

Água corrente nada consente.

Quem não tem vacas nem bois, ou antes ou depois.

Conforme o burro assim se faz a albarda.

Quem tem bom vinho não lhe falta amigos.

Quem foge também se agarra.

Quanto mais pressas mais vagares.

Cada terra tem o seu uso e cada roca tem o seu fuso.

Quem tudo quer tudo perde.

Dinheiro emprestado, amigo acabado.

Casa roubada, trancas à porta.

De parente rico não esperes esmola.

Não há mal que sempre dure nem bem que não se acabe.

Não compres a quem comprou, compra a quem herdou.

Mãos que não dais, por que esperais?

Onde se tira e não põe foge que entrepõe.

Grão a grão enche a galinha o papo.

Zangam-se as comadres, sabem-se as verdades.

Ovelha que berra, bocado que perde.

Quem tem boca vai a Roma.

Aprende a ouvir para saberes falar.

Quem cala consente.

Apanha-se mais depressa um mentiroso do que um coxo.

Fia-te na virgem e não corras, verás o tombo que levas.

Confiar é em Deus que é santo.

Deus dá as nozes a quem não tem dentes.

A bodas e baptizados só vão os convidados.

Faz bem sem olhar a quem.

Casa em que caibas e terra quanta vejas.

Burro velho não toma andadura e se toma pouco dura.

Não te rias do mal do vizinho que o teu vem a caminho.

Amigo falso e machado que não corta nem que se perca pouco importa.

Menino mimadinho, menino perdidinho.

Homem prevenido vale por dois.

Quem não sabe é como quem não vê.

Diz-me com quem andas e eu dir-te-ei quem és.

Longe da vista, longe do coração.

Não há pior cego do que aquele que não quer ver.

O que não se faz no dia de Santa Luzia faz-se para outro dia.

A descer todos os santos ajudam.

Presunção e água benta cada um tem quanta quer.

Em terra de cegos quem tem um olho é rei.

Quem canta seus males espanta.

A ocasião faz o ladrão.

Quem tem unhas toca viola.

A tenda quer-se na mão de quem a entenda.

Águas passadas não movem moinhos.

Com vinagre não se apanham moscas.

Moinho parado não ganha maquia.

Barco parado não ganha viagem.

Preso por ter cão e preso por não ter.

Filho és, pai serás; conforme fizeres, assim encontrarás.

Quem muito dorme pouco aprende.

De pequenino se torce o pepino.

Quem nada não se afoga.

Para saberes mandar tens de saber trabalhar.

Reconhecer o erro é uma virtude.

Mais vale tarde do que nunca.

Entre marido e mulher não metas a colher.

Devagar se vai ao longe.

Nunca digas desta água não beberei.

Tantas vezes vai o cântaro à fonte que um dia deixa lá a asa.

Água mole em pedra dura tanto bate até que fura.

Quem tem medo compra um cão.

Não sirvas a quem serviu nem peças a quem pediu.

O segredo é a alma do negócio.

Ramos molhados e Páscoa enxuta, ano de muita fruta.

As pressas são inimigas da perfeição.

O doce nunca amargou.

Vale mais um pássaro na mão do que dois a voar.

Filho de peixe sabe nadar.

Quem quebra velho paga novo.

Os homens não se medem aos palmos.

Não há fumo sem fogo.

Para bom entendedor, meia palavra basta.

Quem desdenha quer comprar.

Enquanto se canta não se assobia.

Não basta sê-lo, é preciso parecê-lo.

Em Março, tanto durmo como faço.

Em Abril, águas mil.

O seguro morreu de velho.

 

Lenda de Santa Ana

Os habitantes desta localidade conservam na sua memória uma lenda que tem vindo a ser transmitida de geração em geração e que explica a construção da Capela de Santa Ana.

Reza a lenda que no cimo do monte, perto do penedo de Penalonga, a parecia frequentemente a imagem de Santa Ana. Os populares levavam-na para outro local, mas no dia seguinte ela aparecia novamente junto ao penedo. Assim aconteceu diversas vezes, até que decidiram construir uma capela em honra da Virgem no local para onde ela se deslocava sempre.

Nesta freguesia são realizadas anualmente diversas festas e romarias, todas de cariz religioso. No lugar de Alijó a 15 de Janeiro, realiza-se a celebre romaria dos Ossos, dedicada a Santo Amaro. Nesta festa, os romeiros fazem novena e procissão, transportando partes do corpo humano (pés, pernas, braços, …) reproduzidos em madeira. As pessoas deslocam-se a esta festa para pedir protecção e saúde par os tempos vindouros, ou para agradecer graças concedidas anteriormente.

Em Canedo é celebrada a festa do corpo de deus, a 30 de Maio, com uma procissão que percorre as ruas da aldeia.
A 4 de Dezembro, realiza-se a Festa de Santa Bárbara, em Penalonga, e em Seirós, também dedicada a Santa Bárbara, realiza-se uma festa no terceiro Domingo de Agosto.

As danças e cantares tradicionais traduzem também o carácter religioso deste povo:

Senhora Sant’ana 
Senhora Sant’ana 
Subiu ao monte
Onde se sentou
Nasceu uma fonte

Vieram os anjos
E beberam nela
Ò que água tão doce
Senhora tão bela

Senhora tão bela
Tão maravilhosa
Onde se sentou 
Nasceu uma rosa

Nasceu rosa 
Chamada Maria 
Foi a mãe de deus 
Maria Santíssima.

Santa Bárbara
Ó Santa Bárbara és a nossa padroeira
Em Penalonga tens o teu altar
E nesta terra, mil orações
Tu és o trono em cada lar

Se o inimigo nos viesse traiçoeiro 
E nos leva-se à predição
Ó Santa Bárbara, não nos esqueças
Dai-nos depressa a salvação.